ME AJUDA, DOUTOR!

Certa vez chegou até mim a informação de que uma mulher presa ansiava desesperadamente conversar comigo. Normal, muitos lá, na masmorra, se desesperam. No dia seguinte, dirigi-me ao presídio. Tratava-se de uma senhora que havia assassinado brutalmente seu companheiro, mediante pauladas e asfixia. À primeira vista, poderíamos dizer que o crime foi cometido a sangue frio, pois foi praticado enquanto o marido dormia. Por tais razões ela estava lá, largada às traças, à mercê da própria sorte. Ao que tudo indicava, merecidamente. A tristeza tomava conta do seu semblante, via-se uma pessoa profundamente arrasada. Dos irmãos, de quem ela esperava confiança, obteve as costas. Os bens que guarneciam sua residência simplesmente desapareceram – talvez tenham feito um inventário antecipado. Mas o criminalista é um ser humano diferente. O advogado criminalista se apaixona por uma causa, por uma história de vida e faz daquele processo o mais importante. E eu vi verdade nos olhos daquela mulher. E mais que isso, vi sofrimento, vi angústia e vi amor. Após um dia inteiro de julgamento perante o Tribunal do Júri, o Conselho de Sentença decidiu absolvê-la reconhecendo que ela agiu em legítima defesa, não só dela, mas do seu filho autista de apenas oito anos de idade, pois ambos sofriam, diariamente, os mais absurdos tipos de violência doméstica. Moral da História: A relação de mãe e de filho é uma relação séria, é uma relação que faz profundas ressonâncias no coração e na mente de todo ser humano.

 

@diegocaldasadvogado